Seja bem-vindo(a)...

Dormente que assenta o trilho.
Que dorme... Indiferente!
E no balouçar das máquinas e dos vagões
- estremece. Não mexe. Aceita a sina.
Que paralela ‘trans-passa’ seu dorso
Na ânsia de vê-lo passar. Quem?
Rotineiramente, o trem.
Não necessariamente...
(Prof. Joceny)







quinta-feira, 15 de abril de 2010

APELIDOS!

(CRÔNICA) APELIDOS! Coisas de jovens!?
Prof. Joceny Possas Cascaes. joceny@terra.com.br

Maguila, Beiçola, Bolinha, Bolinho, ‘Bitoneira’ (quem sabe, um derivativo de betoneira), Godoy, Cabeção, ‘Mechico’ e assim por diante. Tenho dúvidas! Daquelas que são próprias para o pessoal crescimento. Os ‘apelidos’ devem ser considerados adjetivos próprios? Quer dizer, as iniciais devem ser escritas com letras maiúsculas ou minúsculas? Como sinal de prevenção, escrevi-as com ‘caixa alta’. Caixa alta? Sim! No tempo das máquinas de escrever você baixava as teclas laterais (hoje, nos micro computadores e similares é chamada de tecla ‘schift’) e o ‘carro’ (porque se movia) levantava. As letras minúsculas (caixa baixa) situavam-se na parte de cima das hastes que batiam na folha após o acionamento das teclas e as maiúsculas (caixa alta), na parte de baixo. Meros antagonismos!
Mas voltando a dúvida... Penso que escrevi os ‘apelidos’ com letras maiúsculas porque eles – sim - adjetivam, caracterizam – diferentemente – os seres de maneiras pessoais, próprias. São, em muitos casos, ‘substitutos’ de nomes. Alguns (jovens, pessoas em geral) não gostam de serem alcunhados, outros não se importam. No entanto, há os que preverem ser ‘apelidados’. Nesses casos, dá uma impressão de que os ‘cognomes’ representam alguma especialidade. Se alguém é ‘apelidado’ é porque se destaca de outra pessoa. Transforma-se em alguém diferente, ‘querido’ pelo grupo ‘sócio-cultural’ no qual está inserido.
Tudo é relativo até que alguém questione essa tal relatividade. Há um respeito a ser analisado nessa história que – ‘des-necessariamente’ – poderá deixar de ter um final. Final? As finitudes são enxertos casuais. Algo acidental! Quando uma história chega ao seu fim, abre-se o leque para novas oportunidades, para novas visões, para novas idéias... Mas, quanto ao respeito e a relatividade? É que as ‘alcunhas’ - quase sempre – possuem relação com algum traço da pessoalidade. Assim, quando ‘mexe’ e/ou prejudica o ‘eu’ deixa de ser bem-vinda. Alguém é chamado de bolinha, muitas vezes, porque é gordo, seu corpo representa algo que está fora dos padrões considerados normais. Então, algumas pessoas podem deixar de se importarem em ser chamadas pelos ‘apelidos’, outras detestarem!
O Jurista Rui Barbosa ficou conhecido como o ‘Águia de Haia’ por causa de um de seus inflamados discursos, numa ocasião em que representava o Brasil na ‘Conferência da Paz’ na cidade de Haia, Holanda. Com certeza, ele tinha orgulho do ‘apelido’ que lhe impuseram. Por quê? Talvez, porque esse tipo de ‘cognome’ represente algo que enleva, que dá brilho, que dá tonalidade e altivez a qualquer ser. Quer respeito, consideração e carinho maior do que esse? No entanto, há – uma determinada – graça na questão dos ‘apelidos’. Por quê? Quiçá, seja porque são ‘in-diferentes’, sádicos, naturais, representativos, eloquentes, questionadores, insinuantes, debochadores... E porque representam.
Você já ouviu falar da Agente ‘Noventa e Nove’, da Olívia Palito, do Seu Madruga, da Bruxa do ‘setenta e um’, do ‘Sapo Barbudo’, do Messias, do Professor ‘Girafales’, do ‘Tiradentes’, do ‘Canibal’, do ‘Zumbi’...? Lembra-se de outras ‘denominações’? Que bom! Todas são reveladoras de algo, desnecessariamente aquilo que o sujeito gostaria de ser chamado. ‘Apelidar’ é coisa dos jovens? Não somente! Nas forças armadas você ganha um nome chamado de ‘guerra’. Na verdade é um ‘apelido’ – de certa forma - enrustido. ‘Alcunham-se’ as pessoas, por brincadeira ou por qualquer motivo que chame a atenção.
O Zé da Padaria, o Careca, o tio Magrão, o Surfista Sarado, a Dona Mariquinha, a Cheirosa, o Alemão, o Caboclo e outros tantos cognomes, circundam o nosso meio. ‘Apelidos’! São ‘ferramentas’ interativas. Há um Zecão que não toma banho, que bebe bastante, que é ‘feio’, que detesta trabalhar e que exala um mau cheiro. O tal Zecão tornou-se um personagem cômico ‘micro-regional’. ‘Apelido’ é uma identificação pessoal de um ser. Conheces o baixinho? Quem, o grandão ou o pequenino? O grandão! Mas por que chamá-lo de baixinho? Não sei! Acredito que ele, grande, quem sabe, possa-se inferiorizá-lo ou fazê-lo sentir-se ainda maior com um apelido contrário. E se ele for baixinho mesmo? Imaginações semânticas e verídicas! É sinal que ele não cresceu! He, He, He...

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