Seja bem-vindo(a)...

Dormente que assenta o trilho.
Que dorme... Indiferente!
E no balouçar das máquinas e dos vagões
- estremece. Não mexe. Aceita a sina.
Que paralela ‘trans-passa’ seu dorso
Na ânsia de vê-lo passar. Quem?
Rotineiramente, o trem.
Não necessariamente...
(Prof. Joceny)







terça-feira, 10 de agosto de 2010

(CRÔNICA) POESIA!

CRÔNICA) POESIA!
Prof. Joceny Possas Cascaes. joceny@terra.com.br

“Se procurar bem você acaba encontrando
não a explicação (duvidosa) da vida.
Mas a poesia (inexplicável) da vida”.
- Carlos Drummond de Andrade –

Encontro e me encontro na poesia. Na poesia apaixonante que me rodeia e que me entorpece. Afinal, o que é isso – poesia? Os dicionários a definem como ‘encanto, graça, aquilo que desperta o sentimento do belo, o que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas’. Engraçado! É como gostaríamos que fosse o nosso dia-a-dia. É a representação sustentável do belo. O imaculado desejo que norteia os momentos. A paz, o brio, o puro amor! A essência dos sentimentos. Aquilo que, sem querer, buscamos: a bela paisagem, o sol, o mar, o digno trabalho, o descansar, as leituras que nos dão prazer, o brilho do luar, a música, a arte, a amizade, o encanto do dia e a alegria. Ah – a família! Existe coisa comparável? O ‘eu’, o tu e o nós em dias de bonança. Quem dera! O paraíso...
Contudo, vamos trocar algumas idéias, caro leitor. Detesto imposições! Elas nos deixam falando sozinhos. Prefiro as permutas que nos fazem refletir sobre a forma que agimos, falamos ou escrevemos. Mas, quanta, quanto à poesia... Sensatez! A ‘não-poesia’ circunda o nosso meio. Inunda as nossas ações e visões. Faz-nos ficar de mal com o fator que nos dá vida. Ela é abundante, considero-a redundante. Mas, vamos ao que interessa, à poesia. Respeitando as particularidades e os gostos pessoais. Por que gostamos de assistir a bons filmes; de ler os livros que nos agradam; de fazer amizades com pessoas que são afins às nossas conversas e atitudes; de escutar as músicas preferidas; de contemplar o mar, as montanhas e de sentir a beleza da neve ao cair?
Por que as vitórias nos agradam tanto; os afagos; as boas lembranças; os dias em que o corpo encontra-se em festa; a serenidade; a capacidade de amar e de respeitar? Por quê? Eis uma razão a ser respondida. Respondamos como, de que maneira? Se a poesia é... uma interpretação, uma visão de mundo, um conhecimento, um palpitar. Talvez, um sonho. Mas, sejamos convenientes, todos os projetos são despertados pelos sonhos. São nas visões dos sonhos que damos sustentabilidade às nossas ações. Sonho bom este: poesia! Enfim, a paz, o cuidado com o Planeta, a solidariedade constante, a alteridade (preocupação com o outro), a roda de amigos, o bom vinho e a boa comida, a valorização do ser (que independa do ter).
Impossível? Sejamos realistas, é evidente que buscamos os momentos de prazeres, aqueles que nos oferecem contentamentos. Sabemos que é meramente impossível vivermos cotidianamente mergulhados num mundo de acontecimentos maravilhosos. Isso é ponto pacífico! Embora a visão do oceano pacífico seja poética. O que estamos querendo dizer vai além daquilo que é possível escrever... Eu, você, nós – cada um do seu jeito – somos poetas, porque costumamos buscar a essência daquilo que nos faz bem. Contudo, a poesia exige respeitabilidade, consenso, hombridade, civilidade. Por isso, a perseverança de querer ser um autêntico poeta. Ainda falta-nos...
Nesse dia haveremos de reconhecer que a poesia é a representação fiel do que desejamos ao Planeta e a cada um de nós. Confúcio, filósofo Chinês (551a.C – 479a.C), brinda-nos com a seguinte frase: “Deixa o caráter ser formado pela poesia, fixado pelas leis do bom comportamento e aperfeiçoado pela música”. Eu diria, pela boa música. No entanto, nestes tempos de desastres, de intempéries (causadora de catástrofes), de solidão, de indiferenças, penso que esteja na hora de acordarmos a veia poética que se encontra adormecida dentro de nós. Assim, quem sabe, cada um, na sua particularidade, estará despertando o sentimento do belo e contribuindo de alguma forma para que a poesia, ‘inexplicável da vida’, seja levada aos ‘quatro’ cantos do mundo, no intuito de contribuir, de alguma forma, com a ‘re-construção de um mundo melhor. Repleto de cuidado e de respeito a si, ao outro e inclusive ao Planeta...

(Crônica) 0 PAPEL!

(CRÔNICA) O PAPEL!Prof. Joceny Possas Cascaes. joceny@terra.com.br

O ‘papel’, de certa forma, pode se tornar engraçado ou, então, se alguém preferir, interessante. Ele aceita ‘quase tudo’... ‘Quase tudo’ – como assim? Bom! Li e fiz o teste (curiosidades): uma das ‘coisas’ que o ‘papel’ não aceita é ser dobrado mais de sete vezes ao meio. E quanto ao restante, o‘quase tudo’ que falas? ‘Papéis’ são ‘papéis’! Há ‘Papéis’ de paredes; aqueles dos quais se fazem jornais, revistas e que são usados em embalagens; outros que servem para embrulhar ‘coisas’, os que são utilizados em situações que exigem higiene, nas dobraduras... Há ‘papéis’ vermelhos, pretos, amarelos, azuis, coloridos, molhados, novos, velhos, desbotados... Existem também os ‘papéis’ secundários e os principais. Sobre o que falas? Das representações teatrais, novelísticas ou cinematográficas e também dos ‘papéis’ sociais.
Estás enveredando a prosa. Quem sabe, fugindo do contorno ‘norte’ e dirigindo-se para o ‘sul’. Que bom que isso aconteça, assim o ‘norte’ (o rumo, o viés), tem possibilidade de ser ‘re-definido’ e ‘repensado’. Ao invés de nos dirigirmos sempre ao ‘norte’, possamos também nos dirigir ao ‘sul’, ao ‘leste’, ao ‘oeste’, ao ‘sudeste’ e assim por diante. É que os atores coadjuvantes – quase sempre – seguem seus ‘destinos’ baseados – sem muitas vezes perceberem - nos protagonistas. A impressão que se tem é que os atores principais, nos diferentes tipos de representações, é que determinam o ‘sul’, digo o ‘norte’ de qualquer história. Queóps, Cleópatra, Jesus Cristo, Napoleão, Hitler, Margareth Thatcher, Gandhi e inúmeros outros personagens principais, que podem ser considerados do bem e/ou do mal, ajudaram a ‘des-construir’ a história universal. É claro que os atores ‘coadjuvantes’ possuíram e continuam a possuir relevância na ‘apresentação-representação’ dos fatos sociais. Tanto que várias greves e conflitos sociais (desagrado do povo, dos atores considerados secundários), ao longo da história, também ajudaram e continuarão a mudar o rumo de muitas histórias e de muitos ‘status-quo’ (normas e leis, ordens sociais).
É notório que os ‘povos’ sempre tiveram seus representantes, seus dirigentes. Em grande parte, porque alguns líderes acabam se tornando ‘necessidades’. Pessoas que, por escolha, por imposições, por descendências, por ‘falcatruas’, por naturalidades cumprem ‘papéis’ ‘ir’-‘relevantes’ socialmente. O fato é que por conta desses papéis a construção histórica humana – em parte – declinou ou definhou. Como assim? Muitos líderes (não só políticos) prevaleceram-se, usaram seus cargos e prestígios para benefícios ‘próprios’. Com o passar dos milhares de anos o ‘Planeta’ (morada dos seres animados e inanimados) começa a pedir ‘água’, a sentir-se ‘doente’.
A Terra possui vida... A força (talvez, nata) do trabalho e as necessidades sociais e pessoais (na maioria das vezes acima de questões que possam ser consideradas sócio-construtivas) vieram e continuam a trazer conseqüências desastrosas para as ‘civilizações’ e o ‘Planeta’ de uma forma geral. Sempre existiram pessoas que cumpriram ‘papéis’ sociais reguladores desse processo. Seres comprometidos com as questões éticas e de cuidado com a ‘Terra’. No entanto, questões culturais, religiosas, filosóficas, educacionais, pessoais continuam a cumprir um ‘papel’ crucial no processo de ‘estagnação’ e de ‘desenvolvimento’ humano. A crise mundial ‘capitalista’, atual, não se centraliza somente no retrocesso do mercado financeiro. Isso apenas faz parte de uma – natural - consequência.
Essa é uma ‘crise’ gerada pela história da humanidade. É uma crise ‘inter-relacional’, ‘existencial’ e global. O ‘capital’ distancia, carcome, utiliza-se e, muitas vezes, descarta... Os menos privilegiados acabam por ser usados, em todos os aspectos. Quem pode comprar vale-se dos benefícios e dos privilégios, quem não pode obedece, ‘escraviza-se’ ou morre na miséria. Ressalta-se que existem várias ‘coisas’ boas por detrás do ‘capital’. No entanto, estamos a ponto de começar a questioná-las. Outra ordem social, mais ‘humana’ e ‘igualitária’ precisa ser repensada e implantada. Senão, o dinheiro continuará a roubar o sonho de muita gente e a deixar muitos países e seus povos na ‘beira da miséria’ e sempre dependentes.
Mas, falava-se do ‘papel’, dizia-se que ele aceita ‘quase tudo’. Isso - retorne-se ao assunto! Alguns permitem que se escreva sobre suas superfícies, por exemplo. Num ‘papel’ em branco pode-se ‘falar’ de qualquer fato e inclusive de qualquer ‘mentira’. Nesse caso, as afirmações podem se tornar perigosas. Elas tentam extrair as ‘dúvidas’ que nos fazem persistir. Minimizam a essência que faz procurar novos saberes. Pois, escrever é uma arte, saber ler é outra. Assim, crê-se que nossa conversa siga adiante... Como assim? As escritas guardam ‘segredos’ que nenhum ‘papel’ dará conta de revelá-los. A essência do que se ‘escreve’ estará sempre na interpretação do leitor...